Última atualização: Janeiro 21, 2025
Por: Rodrigo Azevedo

O Campeonato Paulista é o principal estadual do Brasil, conhecido pela organização, inovação e impacto financeiro, mantendo relevância.

Paulistão: O estadual que reina no Brasil
Ronaldo Barreto/TheNews2

Nos últimos anos, os debates sobre os campeonatos estaduais têm se intensificado. Questões como a qualidade dos torneios, a falta de competitividade e o excesso de jogos no calendário contribuem para a perda de prestígio dessas disputas, levantando dúvidas sobre a continuidade. No entanto, um estadual se destaca e pode ser considerado o principal campeonato do Brasil: o Paulistão.

Desde que começou a ser disputado, em 1902, o campeonato mais antigo do país continua atraindo a atenção dos apaixonados por futebol. Esse sucesso não se deve apenas à presença de quatro gigantes nacionais — Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo. Há outros fatores que reforçam a relevância da competição, destacados a seguir.

Modelo de organização

O Paulistão é uma exceção entre os estaduais. A Federação Paulista de Futebol (FPF) adota um formato de disputa diferenciado: na fase inicial, os clubes são distribuídos em quatro grupos com quatro equipes cada. Nessa etapa, os times enfrentam adversários de outras chaves, totalizando 12 partidas. Os dois primeiros colocados de cada grupo avançam para as quartas-de-final, enquanto os dois últimos colocados na classificação geral são rebaixados para a Série A2.

Outro ponto interessante é que os quatro grandes são cabeças de chave, o que favorece a classificação de todos para as fases eliminatórias. Esse modelo, além de eficiente e fácil de entender, torna a competição mais atrativa, com disputas emocionantes tanto na luta pela classificação quanto na briga contra o rebaixamento.

Visão europeia

A competição se destaca também pela inspiração em grandes torneios internacionais, adotando medidas que valorizam o produto e o aproximam dos padrões de excelência mundial. Em 2025, por exemplo, a FPF implementará o sistema Multiball, já utilizado em ligas como a Premier League, a Série A italiana e a Bundesliga, para agilizar a reposição de bola. Com suportes posicionados ao redor do campo, a estratégia não apenas aumenta o tempo útil de jogo, mas também reduz interrupções desnecessárias, proporcionando uma experiência mais fluida e atrativa aos torcedores.

Além disso, a Federação tem investido em transmissões mais interativas, com designs inovadores e câmeras exclusivas. Dessa forma, há uma busca por oferecer uma cobertura semelhante à realizada nos maiores torneios internacionais. Essas iniciativas reforçam o compromisso com a modernização e com a entrega de um produto que mantém a competitividade e o interesse do público em alta.

Atrativo financeiro 

Outro diferencial do Campeonato Paulista é a premiação atrativa, que estimula a competitividade. O campeão recebe R$5 milhões, enquanto o vice leva R$1,65 milhão. No total, a liga distribui R$11,3 milhões em prêmios, abrangendo do 1º ao 14º colocado. Além disso, os quatro cabeças de chave garantem R$44 milhões cada, apenas por participarem. Ao todo, a FPF destinará mais de R$300 milhões em cotas de premiação, colocando o Paulistão como o 5º torneio mais lucrativo da América do Sul.

Em comparação, outros estaduais oferecem valores bem inferiores, e, em alguns casos, o campeão recebe apenas troféu e medalhas.

O impacto nacional 

Com tanto investimento, os clubes paulistas obtêm resultados expressivos em todas as divisões do futebol brasileiro. Atualmente, seis times estão na Série A, três na B, quatro na Série C e quatro na Série D. Esse cenário reflete o amplo suporte da FPF, que permite aos clubes não apenas competir em âmbito estadual, mas também se destacar nacionalmente.

A diferença é visível ao observar a infraestrutura dos times menores de São Paulo. O Noroeste, vice-campeão da Série A2 em 2024, garantiu o retorno à Série A do Campeonato Paulista após 14 anos. Com parte da premiação, o clube investiu cerca de R$2,2 milhões na modernização de seu estádio, que incluiu a construção de um segundo campo, pintura e reformas nos vestiários, sala do VAR, cozinha e outras instalações.

O case do Mirassol

Outro exemplo é o Mirassol, clube da cidade homônima com apenas 63 mil habitantes, que é uma referência no quesito gestão eficiente. O centro de treinamentos da equipe, avaliado em R$15 milhões, possui infraestrutura moderna com quatro campos, 20 apartamentos, academia, setor de fisioterapia, piscina e equipamentos de última geração. Entre os destaques, está a câmara de flutuação com sais, adquirida por R$110 mil.

Esse progresso foi viabilizado em grande parte pela venda do jogador Luiz Araújo. Detentor de 30% dos direitos econômicos do atleta, o Mirassol faturou cerca de R$8 milhões com a transferência de Araújo do São Paulo para o Lille. O Leão utilizou parte do valor da venda (R$5,4 milhões) para construir o CT, inaugurado em 2018.

 

Com bons resultados dentro e fora de campo, o Paulistão se consolidou como o melhor campeonato estadual do Brasil. A organização, competitividade, investimento em infraestrutura e inovação o colocam em um patamar muito superior aos demais. Se os estaduais ainda têm relevância no calendário do futebol brasileiro, isso se deve, em grande parte, ao exemplo que o Paulistão oferece. O Campeonato Paulista, portanto, não só sobrevive, mas também sustenta a importância dos estaduais como parte fundamental da cultura futebolística nacional. A tendência é que, em um futuro não tão distante, equipes como o Mirassol possam competir com clubes de médio e grande porte no Brasil.

Rodrigo Azevedo

Estudante de Jornalismo na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), atualmente no sexto semestre. Apaixonado por futebol em todas as suas formas, dedica-se ao esporte local, nacional e internacional, com um carinho especial pelo Chelsea, o maior clube de Londres.

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