Primeiro brasileiro a comandar a Seleção no Clássico Mundial, Daniel Yuichi Matsumoto comentou sobre a convocação e montagem da equipe técnica, e reforçou estar vivendo um sonho antigo no beisebol.

O Brasil terá um novo técnico no comando da Seleção Brasileira de beisebol. Daniel Yuichi Matsumoto assumiu a gestão do grupo que terá um dos maiores desafios neste começo de ano: a disputa da qualificatória para o World Baseball Classic, considerada a Copa do Mundo da modalidade. A competição também faz parte de um projeto maior e mais ambicioso, mirando uma vaga nos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028.
Depois de ter ajudado o Brasil como atleta a conquistar um resultado histórico em 2013, Yuichi volta para a Seleção mais experiente. Mesmo porque ele atuou profissionalmente pela equipe do Tokyo Yakult Swallows, da NPB, principal liga profissional de beisebol do Japão. Após pendurar as chuteiras, ele recebeu oportunidade para seguir na equipe como parte do corpo técnico.
Em 2023, em entrevista para o tailgatezone durante a preparação para os Jogos Pan-Americanos de Santiago, ele falou sobre o contexto da seleção de beisebol do Japão e sobre o sonho de um dia comandar o Brasil. Agora, este projeto começa a tomar forma – a disputa da vaga será entre os dias 02 e 06 de março, nos Estados Unidos. Daniel conversou com a Missão Sports sobre o momento da Seleção Brasileira de Beisebol e sobre a preparação para o Clássico Mundial de Beisebol.
Liberação para atuar
Retornar à Seleção era um sonho de Daniel, que não era simples. Isso porque o treinador tem contrato com uma equipe profissional, que precisa liberar jogadores e técnicos para convocações. “Na verdade, eu recebi o convite lá por agosto, quando uma seleção infantil veio disputar torneio no Japão”, explicou Yuichi.
Na ocasião, executivos da CBBS – Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol convidaram Daniel, que aceitou mesmo sem saber se poderia. “Estávamos num momento importante da temporada e meu contrato é anual; eu deveria ter conversado antes, mas esse é um sonho grande”.
Neste sentido, o processo de liberação envolveu uma carta enviada pela CBBS ao clube, assim como é feito quando o pedido é para contar com jogadores. Porém, naquele momento ainda estava pendente uma renovação contratual para Matsumoto, que acabou acontecendo. A liberação veio logo em seguida.

Comissão técnica experiente e conhecedora da competição
Sobre a comissão técnica que vai acompanhar Daniel, o Brasil contará com nomes mais conhecidos do público brasileiro, principalmente pela importância histórica no beisebol. A equipe foi inteira reformulada, e vai trazer algumas surpresas para a disputa da classificatória.
É esperado que os atletas André Rienzo e Paulo Orlando integrem a equipe. Ambos estão entre os poucos brasileiros a atuarem na Major League Baseball, principal liga do esporte. “O Rienzo está muito próximo dos atletas que atuam no Brasil, e foi chave na montagem do elenco. E sobre o Paulo Orlando, é uma estrela com muito respeito entre os jogadores, isso gera confiança”.
Contato próximo com jogadores e com o beisebol profissional
Um ponto positivo de Yuichi é a proximidade com jogadores, principalmente os que atuam no Japão. Neste grupo temos os arremessadores Bo Takahashi e Enzo Sawayama, importantes nomes do beisebol brasileiro. Além disso, o treinador vem acompanhando os resultados do Brasil há algum tempo.
“Desde que começaram as conversas eu foquei muito no jogo. Já tinha acompanhado o Pan em 2023 e o último Clássico em 2022, além de ter assistido o Sulamericano e a Taça Brasil neste ano”, pontuou Daniel. Isso porque o Brasil tem um contexto de boa parte do grupo atuando no beisebol local, que é amador, mas também um reforço de peso entre os jogadores profissionais nas ligas dos EUA, Ásia e Caribe.
A convocação oficial está programada para o dia 25 de janeiro. Na ocasião o elenco final que disputará a vaga será divulgado. O grupo deve contar com alguns estrangeiros, como Sawayama (nascido no Japão) e atletas venezuelanos que residem no Brasil. Neste sentido, importante reforçar que a regra do torneio permite estrangeiros representarem um país em casos como de ligação familiar (filhos ou netos) ou residência.
“Como vimos na disputa da Taça Brasil, são bons jogadores. O problema maior é a documentação, que nem sempre é possível resolver e comprovar ligação. Mas se estiver tudo certo e o atleta estiver em boas condições, podemos contar com ele”, destacou Yuichi
Concentração no Brasil antes de viagem
A preparação do grupo vai contar com um período de treinos no Brasil, além de um treino já nos EUA antes da competição. “Queremos pelo menos uns dias para reunir todos os jogadores, principalmente para os que jogam fora terem contato com os locais”, reforçou Daniel. A concentração será no Centro de Treinamentos da Yakult, onde a Major League Baseball retomou em 2025 um projeto de formação de atletas.
Sobre a equipe, Yuichi destaca que a torcida pode esperar um beisebol agressivo e que sabe usar a cabeça. Por exemplo, ele enfatizou que planeja não depender de um último jogo. “Já deixei claro que não sou do perfil que guarda arremessador para o próximo jogo”. O Brasil disputará vaga contra as seleções da Alemanha, China e Colômbia. Os colombianos venceram o Brasil na final do beisebol nos Jogos Pan-Americanos de Santiago em 2023, e garantiram o ouro.
“A qualificatória é um torneio curto e de muita pressão. Temos que nos preparar muito na mentalidade, algo muito importante no beisebol. E há setores do time que trabalharemos de forma inteligente”, resumiu Daniel. A parte ofensiva da Seleção tem sido alvo de reclamações nos últimos anos. Principalmente em função dos resultados da qualificatória do WBC em 2022 e, mais recentemente, do Sulamericano de 2024.
Yuichi destacou o trabalho que a equipe técnica vai desenvolver nessa área. “Temos que anotar pontos, não só rebatendo longe. A dificuldade de anotar pontos no beisebol não é só do Brasil” disse, relembrando o Japão de 2013 que demorou a virar o placar contra a Seleção Brasileira. “Mas o que tenho a dizer é que somos experientes e sabemos usar a cabeça. As outras seleções podem esperar agressividade da nossa parte”, concluiu.
Fique ligado no calendário!
A Seleção Brasileira de Beisebol entra em campo já no dia 02 de março, contra a Colômbia. A classificatória para o World Baseball Classic será em Tucson, no Arizona. As duas melhores seleções avançam para o torneio principal, que acontece em 2026.
