Após mais de 30 anos, entidade máxima do beisebol no Brasil terá novo comando; presidente eleito é representante da MLB no Brasil e fez carreira como atleta.
A Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol (CBBS), que organiza o beisebol no Brasil, terá um novo presidente a partir de janeiro de 2025. Após mais de três décadas de liderança de Jorge Otsuka, que presidiu a entidade desde sua fundação, no início dos anos 1990, o novo presidente é Thiago Caldeira, atual técnico da seleção brasileira adulta de beisebol e treinador de arremessos do Centro de Treinamento Yakult, uma das referências em formação de atletas na América do Sul. Nos últimos anos, ele vinha sendo apontado como o próximo líder da CBBS.
Caldeira foi eleito para o próximo ciclo de quatro anos, que abrangerá um momento importante para o beisebol brasileiro: além da etapa de classificação para o World Baseball Classic (considerada a Copa do Mundo da modalidade), que vai acontecer em março de 2025, o período também incluirá os Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2027, onde o Brasil buscará se firmar como uma potência na região. Além disso, é provável que o país participe da recém-anunciada Copa América de Beisebol, torneio ligado à WBSC – Confederação Mundial de Beisebol e Softbol, que envolverá as 12 equipes mais bem classificadas da América Latina. Por fim, o período será concluído com a realização dos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028, que marcam o regresso do basebol ao palco mundial.

Além do calendário lotado, o novo presidente terá a missão de trabalhar para construir uma nova geração do beisebol no Brasil. Olhando para trás, o país viveu um dos momentos mais importantes da história da modalidade, conquistando a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de 2023, em Santiago. Logo após os Jogos Pan-Americanos, muitos dos principais nomes da modalidade anunciaram suas aposentadorias, deixando um vácuo não só na seleção brasileira, mas também nas competições locais. Aos poucos, esses espaços estão sendo preenchidos por novas caras – no mês passado, o Brasil disputou mais uma edição do Campeonato Sul-Americano de Beisebol, com atletas recém-chegados à seleção adulta.
A proximidade com os atletas dará o tom da nova gestão
Thiago Caldeira tem um perfil mais técnico, próximo ao contexto dos atletas. Começou a jogar ainda criança na cidade de Bastos, região que deu origem a nomes importantes na história do beisebol brasileiro, como Luiz Gohara (ex-MLB), Gabriel Barbosa (Single-A, Philadelphia Phillies) e Eric Pardinho (Triple-A, Toronto Blue Jays). Caldeira fez parte das primeiras turmas de atletas do Centro de Treinamento Yakult, em Ibiúna, o que lhe deu a oportunidade de cursar o ensino médio e a universidade no Japão.

Na última década, Thiago esteve (e estará) diretamente envolvido no projeto da Major League Baseball no Brasil, que foi interrompido em 2020 devido à pandemia de Covid-19 e retomado em 2024 com uma seletiva que percorreu o Brasil em busca de novos atletas para o Centro de Treinamento Yakult. Inclusive, Caldeira esteve presente em todas as etapas da Seleção. “De uma forma geral, fomentar o esporte no Brasil é a nossa prioridade; treinar mais a base e ter mais equipes nas categorias de base é o que vai manter e desenvolver o beisebol no Brasil”, disse.
Investimento crescente e de olho na profissionalização do beisebol
Com a volta da Major League Baseball ao Brasil em 2025 e a reinclusão do beisebol nas Olimpíadas, a modalidade terá um momento diferente: além dos recursos da MLB para custear os atletas com estudos de alto nível e preparação no programa de formação de jogadores, haverá também uma nova verba do Comitê Olímpico Brasileiro. Por conta da integração do beisebol ao programa olímpico, o COB investirá mais de R$ 3,5 milhões em “novas” modalidades. Esse valor, segundo Caldeira, financiará projetos e outras áreas.
“Sabemos da dificuldade que os times e atletas têm para financiar seus treinos. Eu fui atleta e sei como às vezes é difícil arcar com os custos de representar o seu país. Por isso, queremos dar mais apoio”, explicou Caldeira.

Um dos grandes projetos planejados – um sonho, nas palavras de Caldeira – é a criação de uma liga profissional, que proporcione uma rotina de jogos para os jogadores que atuam no Brasil. Um primeiro grande passo é a modernização do Estádio Municipal Mie Nishi, em São Paulo. Sobre isso, com iluminação adequada e a possibilidade de jogos noturnos, o projeto começa a ser melhor desenhado. Neste contexto, Caldeira destacou o contexto de vizinhos do Brasil, como Colômbia e Argentina, que conseguiram viabilizar campeonatos de inverno, inclusive atraindo jogadores de alto nível para jogar com contratos de curta duração.
“Com o estádio iluminado como vemos em outros países que conseguiram montar uma liga profissional, entendemos que o Brasil também poderia dar esse passo. E, a partir daí, um dia poderíamos também sediar um jogo da MLB em casa, assim como fez o futebol americano, ao receber aqui um jogo regular da NFL”, concluiu.