Última atualização: Janeiro 30, 2025
Por: Rodrigo Azevedo

O Cruzeiro reforçou seu elenco com estrelas, mas 2025 começou com resultados negativos, o que culminou na demissão de Diniz após cinco jogos.

O Cruzeiro de estrelas decadentes
Fred Magno/O TEMPO

Desde o ano passado, o Cruzeiro tem ganhado destaque no mercado ao investir em jogadores de renome para fortalecer o elenco celeste. Contudo, muitas dessas incorporações, apesar da confiança, não estão no auge de suas condições físicas ou técnicas, sendo vistas como apostas.

Além disso, a Raposa tem seguido uma estratégia diferenciada no mercado, abdicando de um planejamento mais consistente e estruturado. Em vez disso, o clube tem optado por contratar nomes históricos e ex-ídolos de outras equipes, sem considerar tanto o momento atual de suas trajetórias.

Pedrinho assume o comando

No início do ano passado, Ronaldo concretizou a venda do Cruzeiro por R$600 milhões, encerrando um ciclo de dois anos e quatro meses à frente do clube. Durante a gestão, ele saneou as finanças, quitou dívidas e garantiu o retorno à elite do futebol brasileiro. Além disso, montou um elenco competitivo que, apesar da derrota na final do Campeonato Mineiro e da eliminação precoce na Copa do Brasil para o Sousa, ocupava as primeiras posições no Brasileirão e disputava a Copa Sul-Americana.

A nova fase do clube tem à frente o empresário Pedro Lourenço, dono da rede de supermercados BH — a quinta maior do Brasil -, com faturamento superior a R$17 bilhões anuais. Pedrinho, como é conhecido, já havia injetado R$100 milhões no Cruzeiro em 2023 e assumiu o compromisso de investir mais R$150 milhões em 2024, além de outros R$350 milhões a serem pagos ao longo de uma década. Torcedor apaixonado desde a infância, ele chegou a ajudar financeiramente o clube antes mesmo de oficializar a compra, ajudando no pagamento de salários atrasados dos jogadores.

Janela do meio do ano

Sob a liderança do novo dirigente, o Cruzeiro manteve o alto nível de desempenho. Fernando Seabra comandava uma equipe com poucos jogadores de renome, mas que se destacava pela consistência defensiva, especialmente pelo lateral-direito William, que mais tarde foi convocado para a seleção brasileira. No setor de criação, o camisa 10, Matheus Pereira, vivia uma temporada extraordinária, sendo amplamente considerado o melhor jogador em atividade no país naquele momento.

Apesar do cenário positivo, Pedrinho buscava elevar ainda mais o patamar do clube. Durante a janela de transferências do meio do ano, o bilionário aproveitou para reforçar o elenco com contratações de peso, como o goleiro Cássio, o zagueiro Jonathan Jesus, os volantes Matheus Henrique, Walace e Peralta, além dos atacantes Lautaro Díaz e Kaio Jorge. Os investimentos ultrapassaram R$180 milhões, sendo que Cássio, ex-Corinthians, foi o único a chegar sem custos de transferência.

Troca de “Fernandos”

Com a chegada dos novos reforços, Fernando Seabra optou por manter a base dos jogadores que já vinham atuando, integrando os recém-contratados gradualmente. No entanto, essa postura não agradou Pedrinho, que chegou a ter um áudio vazado em que criticava abertamente o técnico e exigia mudanças. No áudio, ele declarou:

“Eu cheguei para o técnico (Fernando Seabra) e falei assim: ‘Ou você escala os jogadores que contratou ou você pode arrumando a sua mala aí que não passa desse jogo não’. Falei com ele que se não precisasse desses jogadores eu não teria contratado e ficaria só com os que estão aqui. Aí eu dei uma dura nele do caramba”.

Depois do ocorrido, o desempenho da equipe sofreu uma queda significativa, o que levou à demissão do treinador e à contratação de Fernando Diniz como substituto.

Era Diniz

O novo treinador entra em cena, mas desde a estreia não conseguiu causar nenhum impacto positivo. Diferente do que fez em outras equipes, teve um começo que ficou bem abaixo das expectativas. Lembra dos primeiros seis meses marcantes do “dinizismo”? No Cruzeiro, isso não se materializou. Enquanto Seabra levou o time até o jogo de ida das quartas de final da Copa Sul-Americana, com a classificação praticamente garantida para Diniz, o novo técnico conseguiu piorar o trabalho do antecessor, resultando em uma derrota humilhante para o Racing na final, por 3 a 1.

Além disso, Diniz assumiu o Cruzeiro em sétimo lugar no Brasileirão, após a 27ª rodada, com 42 pontos, três a menos que o Flamengo, quarto colocado. Ao final da competição, a equipe terminou em nono, com 52 pontos. Ou seja, nas 11 rodadas sob sua direção, o time somou apenas 10 pontos. No total, Diniz obteve apenas três vitórias em 15 jogos, com seis empates e seis derrotas.

Estrelas chegam e Diniz cai

A nova temporada começou com a situação de Diniz ainda delicada, mas o Cruzeiro reforçou o elenco com contratações de peso. O zagueiro Fabrício Bruno, o atacante Marquinhos (ex-Fluminense), o lateral Fagner (emprestado pelo Corinthians), o meia Eduardo (contratado até o fim do ano) e o atacante Gabigol (que chegou por quatro temporadas) foram alguns dos novos nomes. O congolês Bolasie ficará até o final de 2025, e Dudu, até 2027. Além deles, o volante Christian (ex-Athletico) e o jovem meia Rodriguinho também foram confirmados.

Com tantas novidades, a torcida esperava um início de ano promissor, mas a equipe de Diniz começou de forma apática. Na pré-temporada nos Estados Unidos, o time empatou os dois jogos contra São Paulo e Atlético-MG. De volta ao Brasil, no Campeonato Mineiro, a Raposa perdeu duas partidas e empatou uma.

Após uma sequência de resultados negativos, o treinador foi demitido com apenas cinco jogos em 2025. Isso sugere que o clube já cogitava a saída na temporada anterior, quando rumores sobre a demissão ganharam força na imprensa. Durante a coletiva após a vitória por 1 a 0 sobre o Juventude, um repórter revelou a informação, e a resposta de Diniz naquele momento pode ter influenciado os dirigentes, que inicialmente decidiram mantê-lo para este ano — decisão que, mais tarde, foi revertida.

 

Com um elenco repleto de jogadores qualificados, o Cruzeiro está bem posicionado para lutar por títulos relevantes nas próximas temporadas. A equipe, tem potencial para brigar no topo tanto no Campeonato Brasileiro quanto na Copa Sul-Americana. Em meio a essas expectativas, o nome de Renato Gaúcho se destaca como o mais cotado para assumir o comando do time. A experiência do treinador, com passagens vitoriosas por grandes clubes, pode ser o impulso que a Raposa precisa para alcançar o sucesso almejado.

Rodrigo Azevedo

Estudante de Jornalismo na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), atualmente no sexto semestre. Apaixonado por futebol em todas as suas formas, dedica-se ao esporte local, nacional e internacional, com um carinho especial pelo Chelsea, o maior clube de Londres.

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